Setúbal e Palmela, exemplo de boa vizinhança

Uma cidade e uma vila que se entreolham é a narrativa que faz de Setúbal e Palmela um exemplo de boa vizinhança. De Palmela obtém-se das melhores vistas sobre Setúbal, de Setúbal nunca se perde de vista o castelo de Palmela. Esta troca de olhares revela a amizade entre duas terras bonitas, cujas diferenças se complementam dando-lhes uma unicidade interessante para quem visita a região.
De Setúbal a Palmela são cerca de 8 Km, distância pouco imponente e convidativa a uma amizade recíproca. Pelo caminho fica a baixa de Palmela, um pequeno lugar que marca a meia distância entre as duas terras. Daí pode aceder-se a Palmela por estrada asfaltada, passando pelas localidades de “Aires” e “Volta da Pedra” ou subir a encosta do castelo pela Estrada da Cobra, trajecto feito de areia, predilecto dos ciclistas mais em forma, dada a sua acentuada inclinação.
Já na vila todos os caminhos vão dar ao castelo mas ainda que este se apresente com vaidade legítima, a verdade é que esta vila tem outras imagens de marca. Reconhecida por ser terra de vinhos e de boa gastronomia, Palmela tem na Festa das Vindimas, que ocorre no início de Setembro, o ponto alto da sua actividade cultural convidando todos, na qualidade de boa anfitriã, a percorrer as ruas estreitas e íngremes que fazem a sua geografia.
Junto ao seu famoso castelo, que alberga uma bonita pousada, encontra-se o miradouro a partir do qual se pode observar Setúbal de olhos arrebatados, admirando a Arrábida, no seu verde impoluto, e o rio a perder-se de vista nos braços do horizonte. Ornamentado com diversas oliveiras, que lhe conferem sombra e graciosidade, este é um dos meus locais de eleição para descansar numa tarde quente de Verão ou inspirar-me de forma poética quando os dias frios marcam o calendário.
Mas há outros miradouros que tornam Palmela um local privilegiado para observar. Na Rua dona Maria I, é possível assistir ao por do sol vendo este descair por cima das casas, alaranjando o fim dos dias e desconstruindo a ideia de que o mar é o melhor leito para o sol que adormece.
Abaixo do castelo fica o jardim do Parque Venâncio Ribeiro da Costa. Com um anfiteatro feito de bancos coloridos tem um aprazível parque de merendas convidativo a piqueniques e outros convívios. Pelo meio, encontros com moinhos marcam a originalidade. O sossego por aqui é garantido. O efeito de bosque, conferido pela vegetação, dá uma aura mágica ao local que a muitos passa despercebido mas cuja visita se recomenda.
Depois há a praça central da vila, de tons alvos, com a igreja e o coreto a enche-la (ainda) de mais interesse. O cineteatro S. João assome à esquina e é aqui que é possível assistir aos espectáculos culturais da vila.
De seguida é procurar um lugar para saborear os petiscos da região e o bom vinho que por aqui se produz. A sopa caramela e as fogaças (bolinhos secos com sabor a canela), acompanhadas por um moscatel roxo, cumprirão o propósito de deliciar gostos exigentes e apreciadores de gastronomia tradicional.
Por fim, percorrer a Serra do Louro, inserida no Parque Natural da Arrábida, encontrando mais moinhos e percursos pedestres e deixando que a natureza faça o seu trabalho de charme. Por esta serra pode-se também regressar a Setúbal utilizando a Estrada do Vale dos Barris completando, assim, a volta que se espera perfeita.







